Posted on abril 30, 2020
by Ciranda
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Veja como ajudar a promover um ambiente escolar seguro e estimulante
O bullying é uma questão importante nas escolas de hoje e pode ter consequências terríveis. Por exemplo, estima-se que o problema ocorra semanalmente em mais de 10% das escolas brasileiras, segundo pesquisa recente da Talis (Teaching and Learning International Survey).
O termo “bullying” tem origem na palavra “bully”, do inglês, e quer dizer “valentão”. Na prática, é qualquer forma de tratamento inaceitável, discriminação ou comportamento destinado a prejudicar a reputação de outro. Às vezes, é descrito como “abuso de poder”, mas é, de fato, um desejo no agressor de controlar outra pessoa. As razões para esse desejo podem ser complexas.
Os alunos que sofreram bullying são mais propensos a ter baixa autoestima, dificuldade em confiar nos outros, sentimentos de isolamento, raiva e, nos casos mais graves, pensamentos suicidas. Felizmente, já existem iniciativas ao redor do mundo que mostram resultados, inclusive no Brasil.
As ações visam envolver os estudantes na defesa de uma cultura antibullying. Abaixo, trazemos 7 maneiras de começar esse movimento.
Sim, o assédio moral é sério, e é por isso que mais escolas estão tomando medidas ativas para resolver o problema. Muito disso pode começar na sala de aula com o professor. Os professores podem fazer a diferença em termos de comportamento dos alunos quando se trata de bullying.
Educar sua classe sobre os efeitos prejudiciais do bullying é uma coisa, mas iniciar um projeto pedagógico no qual é possível discutir esses efeitos pode ser ainda mais esclarecedor. A Ciranda de Livro, por exemplo, oferece planos literários que podem trabalhar a questão das diferenças com os alunos de maneira lúdica e envolvente. Os estudantes podem aprender sobre a importância de respeitar os colegas, enquanto escrevem e desenham sobre o assunto, produzindo seu próprio livro.
2. Incentive o feedback
Você não pode fazer nada para combater o bullying se não souber que o bullying está ocorrendo. Depois de informar seus alunos sobre que tipo de comportamento não é apropriado, incentive seus alunos a encontrarem problemas que talvez você não conheça. Lembre-se de que um tipo de bullying é o cyberbullying e que nem sempre ocorre na sala de aula.
3. Envolva os pais
Diga aos pais de seus alunos que o assédio moral não será tolerado. Se for relatado que seus alunos estão se comportando de forma inadequada, entre em contato com os pais e informe-os. É bom ter pais como aliados em termos de combater o bullying na sua sala de aula.
4. Mostre filmes e livros
Reserve um tempo para mostrar à sua turma os filmes e livros apropriados que demonstram os terríveis efeitos que o bullying pode ter nos alunos. Às vezes, esses filmes e livros podem servir como um alerta para o quão prejudicial o bullying pode ser. É preciso mudar a cultura, porque muitas vezes o bullying é tratado como se fosse algo normal e dizem que é “coisa de criança, elas que resolvam entre si”. E, como consequência disso, muitos passam toda a vida escolar se sentindo coagidos.
5. Seja firme e consistente
Certifique-se de permanecer firme e consistente com sua postura antibullying na sala de aula. Desviar da sua posição original pode mostrar aos alunos que você pode não ter levado a sério sua posição sobre o bullying, o que pode incentivar comportamentos inapropriados. Certifique-se de que você, coordenadores e diretores estejam alinhados com esse problema muito importante, para que haja consistência geral.
6. Seja solidário
Não dê as costas aos estudantes que foram vítimas de bullying. E, ao mesmo tempo, não ignore os alunos que intimidaram outros. O bullying pode afetar várias pessoas envolvidas e, muitas vezes, são os próprios agressores. Oferecer suporte pode ajudar a chegar à raiz do problema. Muitos agressores costumam sofrer alguma forma de violência ou trauma e, embora isso não desculpe seu comportamento de forma alguma, pode ajudar a esclarecer questões adicionais que precisam ser abordadas.
7. Não ignore
Não finja que o bullying não ocorre e adote a abordagem “o que eu não sei não vai me machucar”. O bullying é um problema real e sério, e não abordá-lo de maneira alguma não é uma maneira saudável de lidar com isso. Em vez disso, faça um esforço para se concentrar nele e ser proativo.
A prática da mediação surgiu com força no segmento escolar há alguns anos e vem mostrando sua importância contra o bullying. Ela tem sido praticada de maneira simples e informal, trazendo como resultado a autonomia na resolução de conflitos e melhora a comunicação escolar, tornando o processo de resolução de problemas mais rápido e eficaz.
A mediação, basicamente, consiste em capacitar um grupo de pessoas imparciais de dentro da própria comunidade escolar, incluindo alunos, pais de alunos e professores. Elas podem arbitrar e resolver, de forma amigável, assuntos do dia a dia, disseminando, assim, a cultura da pacificação.
Escolas que contam com os chamados núcleos pacificadores se destacam pelo baixo índice de bullying entre os alunos e alto nível de iniciativa dos mesmos em prol de um ambiente mais justo e seguro.
Países vizinhos como Argentina, Chile, Colômbia e Peru adotaram um programa vindo da Finlândia chamado KiVa (acrônimo de Kiusaamista Vastaan, que quer dizer “contra o bullying” em finlandês). O KiVa chegou a eliminar completamente a prática de bullying em até 80% das escolas da Finlândia. A chave do sucesso é que a metodologia trabalha com as testemunhas, além das vítimas e responsáveis.
E qual a importância de envolver as testemunhas? Ainda que só sejam observadores, o silêncio e as risadas desses alunos reforçam o poder do agressor. Por isso, trabalhar com eles para que tomem consciência do seu papel nesta situação e encontrem formas de mudar seus comportamentos faz com que agressor acabe perdendo seu público. E quando um grupo deixa de apoiar o agressor e este fica sozinho, ele para.
Através do método, as crianças são ensinadas a diferenciar um conflito aceitável entre colegas de uma situação de bullying que não deve ser tolerada. Isso inclui lições e atividades que acontecem duas vezes por mês, durante 45 minutos.
No Brasil, a Plan International Brasil criou o projeto Aprender Sem Medo, em parceria com a Fundación Mapfre, para combater o bullying nas escolas do Maranhão. O projeto sensibiliza e capacita todos os presentes no ambiente escolar por meio de oficinas lúdicas, além de promover oficinas socioeducativas para meninos e meninas multiplicadoras de ações de cultura de paz no seu ambiente escolar.
O projeto foi efetivo na conscientização e culminou na criação da Lei 1210, de 28 de dezembro de 2018, que institui 20 de Outubro como o Dia Municipal de Combate ao Bullying na capital do estado, São Luís. Diversas outras cidades do país também elegeram uma data no calendário como forma de trazer à luz o problema.
Como vimos, o trabalho de prevenção e conscientização sobre o bullying envolve pais, professores e a própria comunidade. E a sua escola? Tem algum programa anti-bullying? Compartilhe nos comentários!