9 passos para colocar a BNCC no DNA do sistema educacional brasileiro

Os gestores e professores têm muitos desafios pela frente com a BNCC. Confira quais são eles e como se preparar para adequação da sua escola.

Aprovada em dezembro de 2017 para a Educação Básica e em dezembro de 2018 para o Ensino Médio, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe competências que devem ser adequadas aos currículos escolares ainda em 2019.

A partir do primeiro semestre de 2020, os projetos elaborados pelos colégios, sistemas e redes de ensino, contemplando as diretrizes da nova base, seguirão para a avaliação dos conselhos municipais e estaduais de educação. Algumas escolas já estão trabalhando com o novo currículo, outras começarão no próximo ano.

Fazer com que a BNCC entre de vez no DNA do sistema educacional brasileiro não só coloca os agentes de ensino numa corrida contra o tempo, mas também traz um grande desafio para toda a comunidade docente: redescobrir o quê, o por quê e o para quê da Educação.As respostas para essas perguntas estão nos anseios da sociedade, como o tipo de vida, de economia, de democracia e de desenvolvimento pessoal que são requeridos na atualidade. Tudo isso deve estar refletido nos novos conteúdos curriculares.

E quais são os pontos fundamentais para a construção e implementação da reforma curricular?

O diálogo

O ponto crucial para escolas e professores é garantir a legitimidade da reforma, encontrando a maneira mais representativa possível de promover as discussões sobre formação do aluno, a adaptação de material didático e a metodologia de ensino mais adequada. Só depois disso a Base chega às salas de aula.

Especialistas em países que já participaram de movimentos semelhantes são unânimes em afirmar que a mudança de currículo leva educadores e instituições de ensino a saírem da zona de conforto, quebrar a resistência de mudar de práticas,de instrumentos e de padrões de avaliação.

“Um novo currículo é uma perturbação, mas é metade do jogo para melhorar a qualidade da Educação”, admite o líder da reforma educacional chilena nos anos 1990, Cristián Cox.

Depoimentos de professores que estão trabalhando com a implementação da BNCC dão conta que o processo de restruturação curricular também demanda um equilíbrio entre o que é teoricamente desejável e o que é possível realizar. Para isso, ao mesmo tempo em que a equipe responsável não deve se apegar ao modelo existente, também precisa ter em mente que um currículo muito inovador ou exigente pode não ser implementável e cair no esquecimento. Por outro lado, se o currículo ficar muito próximo do que o sistema educacional já trabalha, não promoverá mudança.

Lidar com tudo isso é complicado e o diálogo é a melhor saída “Se a interlocução entre as partes desse processo for bem organizada, sai um bom ponto de equilíbrio para a mudança, mas uma mudança que a classe docente pode aspirar, acessar e abraçar”, avalia.

Soluções descomplicadas

As expectativas e cobranças em torno da implementação da BNCC passam a ideia de que o novo currículo resulta de um processo intrincado. Mas ao contrário disso, descomplicar pode ser a solução. Vamos pensar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, por exemplo, período em que a alfabetização costuma ser uma das grandes preocupações das escolas. Nessa fase, a formação de leitores e produtores de textos acaba sendo uma das maiores metas, mesmo considerando a importância das demais áreas do conhecimento.

Para ajudar o professor a despertar nos alunos o gosto de ler e escrever, a Ciranda de Livro, plataforma pedagógica digital da School Picture, transformou a simples ideia de torná-los autores de livros num conjunto de facilidades capazes de superar definitivamente atividades mecânicas, que pouco ou nada contribuem para a aprendizagem da escrita.

Com planos literários específicos para cada série, desenvolvidos por especialistas em pedagogia e literatura, a Ciranda de Livro é um apoio para que o processo seja conduzido em sala de aula de forma lúdica, envolvente, simplificada e totalmente alinhada as 10 competências gerais apresentadas na BNCC.

A plataforma também deixa para atrás as apresentações improvisadas, até então comuns neste tipo de projeto. Nada de folhas manuscritas e unidas por grampos. As histórias contadas pelos alunos são valorizadas visualmente, com a possibilidade de encadernação gráfica, capa dura, ilustrações coloridas e papel apropriado à impressão, tudo para dar uma verdadeira cara de livro à criação de cada um.

A iniciativa ainda propõe a participação da família na pesquisa de temas e elaboração do prefácio. Sem contar a possibilidade de unir a comunidade escolar numa sessão de autógrafos.

Sem dúvida, a Ciranda de Livro é uma experiência única e inesquecível que leva as crianças a perceberem a escrita como uma autêntica forma de expressão, registro e memória, não apenas uma tarefa que deve ser feita porque a professora mandou. E não exige qualquer debate acadêmico para ser colocada em prática.

Gestão do tempo

Enfim, para garantir que a BNCC chegue efetivamente às salas de aula é essencial estabelecer um cronograma de implementação. Importante lembrar que o começo do ano letivo de 2020 é o prazo final para que a Base já esteja implementada em todas as salas de aula das escolas do Brasil.Confira as ações propostas pelo portal Nova Escola:

Passo 1

Início das formações com diretores, coordenadores e equipes técnicas pedagógicas das secretarias.

A formação das equipes de gestão deve começar logo após a publicação da proposta curricular da rede. Janeiro foi a data limite para as escolas que já trabalharão com o novo currículo. Esta equipe precisa estar preparada para que sejam multiplicadores da formação de professores nas escolas e para conduzir os momentos de revisão do Projeto Político Pedagógico (PPP), o instrumento que reflete a proposta educacional da escola, alinhado à BNCC.

Passo 2

Início das formações com professores e revisão do PPP das escolas.

A revisão do Projeto Político Pedagógico (PPP) deve envolver a comunidade escolar, considerando as mudanças da Base nas novas referências curriculares. A formação dos professores é necessária. Além dos ajustes nos conteúdos de certas áreas, com a Base, muda também a maneira de trabalhar o desenvolvimento das capacidades e das habilidades dos alunos. A formação pode acontecer nos espaços coletivos, integrando todas as escolas da rede e deve acontecer em cada escola, pois é lá, ao pensar no PPP, que serão definidas as necessidades formativas dos professores.

Passo 3

Implementação do novo currículo nas salas de aula, alinhados à BNCC, e acompanhamento pedagógico do trabalho nas escolas.

Se a rede já aderiu ao novo currículo alinhado à BNCC, a implementação deve acontecer desde o início do ano, junto à formação de professores. Os gestores, principalmente o coordenador pedagógico, devem acompanhar este trabalho na sala de aula. Eles atuam como parceiros dos professores, apoiando a implementação de cada ação.

Passo 4

Formações com diretores, coordenadores e equipes técnicas pedagógicas das secretarias.

No caso das escolas que começarão o trabalho com o novo currículo apenas em 2020, o ano letivo de 2019 pode ser utilizado para preparar a escola para as mudanças que chegam com a BNCC. É essencial que diretores e coordenadores pedagógicos possuam as informações sobre a BNCC e conheçam as mudanças trazidas pelo documento para apoiar o trabalho da equipe docente.

Passo 5

Monitoramento da implementação da BNCC e da necessidade de outras formações.

Para as escolas que já estão trabalhando com o novo currículo, vale se atentar ao andamento deste processo. Ao colocá-lo em prática pode ficar evidente a necessidade de formações mais específicas sobre pontos que os professores ainda não estão dominando na BNCC. Outros processos, como a adaptação de avaliações e dos materiais também devem ser monitorados pelos gestores. O monitoramento deve ser contínuo.

Passo 6

Realização do Dia do PPP.

Para estimular que as escolas revisem seu PPP e se apropriem das discussões que envolvem o documento, o MEC incentiva que as redes façam uma mobilização para discutir o tema. O evento é chamado de Dia do PPP. A sugestão é que o evento aconteça em junho ou julho, mas se trata de uma data de referência. O evento pode acontecer em qualquer momento do ano.

Passo 7

Revisão do PPP.

Após envolver toda a equipe no Dia do PPP, é hora de colocar a mão na massa e partir para a revisão do documento. Mesmos as escolas que já fizeram a revisão no início do ano letivo, podem verificar se o PPP necessita de ajustes de acordo com o trabalho realizado no primeiro semestre.

Passo 8

Reorganização do material didático da escola ou rede de ensino.

Caso a rede já possua um material didático, este é o momento de revisá-lo. Deve-se analisar que mudanças devem ser feitas no material para que ele possa estar alinhado ao novo currículo. Para as redes que ainda não têm material, é a oportunidade para desenvolvê-lo.

Passo 9

Definição e elaboração dos instrumentos de avaliação e acompanhamento das aprendizagens dos alunos.

O currículo da sua escola só vai mudar em 2020? Paralelamente à reorganização dos materiais é necessário pensar nos instrumentos de avaliação. Além disso, a equipe da Secretaria precisa acompanhar e apoiar o processo, garantindo que o trabalho irá acontecer nas escolas.

Os nove passos aqui apresentados são apenas uma base do que o trabalho com a BNCC envolve. É claro que novas ideias surgirão ao longo do caminho e, em breve, cada escola terá o seu próprio modo de mostrar como venceu esse desafio.

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