Posted on agosto 7, 2020
by Ciranda
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Saiba como apoiar adolescentes nesse novo normal
Embora as circunstâncias atuais em torno da pandemia sejam desafiadoras para a maioria das pessoas, muitos pré-adolescentes e adolescentes são particularmente afetados.
Alguns estão perdendo a viagem tão aguardada com a turma do colégio, sua participação na peça da escola ou seu último semestre antes da formatura. Muitos podem parecer deprimidos, decepcionados ou mal-humorados.
Uma pesquisa do instituto YoungMinds, organização britânica não-governamental pela saúde mental dos jovens, mostrou que 80% dos entrevistados concordaram que a pandemia do coronavírus piorou sua saúde mental.
Ainda na pesquisa, 87% dos entrevistados concordaram que se sentiram sozinhos ou isolados após o distanciamento social. Muitos dos que participaram relataram aumento da ansiedade, problemas para dormir, ataques de pânico ou maior desejo de se automutilar.
Os pais, que agora têm maior convívio diário com adolescentes devido ao fechamento das escolas, podem se questionar qual a melhor forma de apoiá-los durante essa crise.
O psicólogo e educador Eduardo Santos discute aspectos a serem observados se você estiver preocupado com o fato de seu filho estar ansioso ou deprimido.
Santos é criador do Arvorar Jovem, programa de empoderamento juvenil, voltado para adolescentes de 11 a 17 anos que tem por objetivo oferecer espaço de convivência, reflexão e ação.
Em seus longos anos como psicoterapeuta, ele identificou que um dos maiores problemas enfrentados pelos adolescentes é o isolamento, mesmo antes da pandemia.
“O lugar de encontro, de conexão, tem feito muita falta para os adolescentes, mesmo antes do coronavírus. Seja pela vida corrida, pelas atribulações de todos, por dificuldades de relacionamento, entre outros”, explica.
Até mesmo a escola, segundo ele, pode representar um espaço de competição, de bullying, isolando ainda mais os jovens.
“A gente sabia que vem crescendo o número de adolescentes com transtornos emocionais, automutilação e até mesmo suicídio. Com a pandemia, essas situações podem piorar”, ressalta.
No período pré-covid, os encontros dos grupos de jovens eram realizados presencialmente, na cidade de Salvador (BA). Agora, todas as atividades acontecem em ambiente virtual, o que proporcionou a entrada de adolescentes de outros lugares, até de fora do Brasil.
O projeto trabalha três dimensões: a do “Eu”, a do “Mundo” e a do “Eu no mundo”. “A gente busca refletir sobre esses vários campos e analisar os desafios e oportunidades para os adolescentes”, detalha Santos.
Se a adolescência já é uma fase difícil, imagine agora com a situação imposta pelo Covid-19? Para os adolescentes que enfrentam mudanças na vida devido ao surto e que por isso estão se sentindo ansiosos, isolados e decepcionados, saibam o seguinte: vocês não estão sozinhos.
De acordo com artigo da Unicef, “Como adolescentes podem proteger sua saúde mental durante Coronavírus” (em inglês), existem ao menos seis estratégias para ficar bem consigo mesmo. A primeira delas é reconhecer que sentir ansiedade é completamente normal.
Criar distrações para a mente também é uma boa estratégia, como assistir a um filme, fazer a lição de casa ou ler um livro de sua preferência.
“É importante que os jovens tenham acesso a diversas atividades mesmo em casa. Por exemplo, a atividade de leitura e escrita pode contribuir para combater a ansiedade”, diz Santos ao defender a importância do desenvolvimento integral do ser humano.
Vale lembrar que é natural que com o isolamento exista um maior número de atividades mediadas por tela. “Assim, outras atividades que não sejam via computador ganham mais importância, como ler livros, desenvolver atividades artísticas, entre outros”.
Encontrar novas maneiras de se conectar com outros jovens também é primordial. Os encontros virtuais do projeto Arvorar Jovem estão aí para provar isso.
“Os encontros dos jovens foram mais valorizados após a pandemia. Certa vez, a gente pensou em suspender as atividades por conta de um feriado, mas o grupo pediu para não suspender. É fácil entender isso: muitas vezes, é o único momento de contato deles com outros jovens”, relata Santos.
A estratégia de focar em si mesmo também traz alento para a alma. Então, fazer um curso de música ou qualquer atividade que traga benefícios pessoais é uma ótima pedida. Por fim, ouvir os próprios sentimentos, ser gentil consigo mesmo e com os demais trará paz para a mente juvenil.
No Instagram do Arvorar, os jovens foram convidados a realizarem desafios semanais, visando cuidar da saúde e bem-estar. “A gente colocou sugestões de várias atividades que eles deveriam incorporar a sua rotina para combater a ansiedade e manter o desenvolvimento saudável”, diz Santos.
A prática da gratidão, segundo o psicólogo e educador, é igualmente importante. “Agradecer as coisas boas que acontecem a cada dia é importante até para manter a nossa imunidade em alta”, frisa Santos. É sabido que quanto mais alto o nível de estresse, mais baixa a imunidade e maior o risco de adoecer.
Além das atividades de reflexão e convivência, os jovens estão aproveitando esse momento de pandemia para uma ação coletiva de coleta de produtos de higiene e alimentos para ajudar comunidades indígenas.
Para as crianças menores, especialmente até os dois anos de idade – fase conhecida como “adolescência dos bebês” ou “Terrível dois” (Terrible two, do inglês) por acrescentar algumas birras ao comportamento infantil -, uma solução chamada “pote de calma” pode ajudar a combater o estresse.
Inspirado no método Montessori, o pote de calma pode ser feito em casa. Abaixo, seguem os ingredientes que você irá precisar ter em mãos para o preparo:
Modo de preparo
Despeje no vidro a água quente e a cola glitter. Mexa bastante para que o glitter da cola se desmanche na água. Adicione a purpurina e misture novamente. Adicione uma gota de corante alimentar e feche bem a tampa do pote. Agite bem.
Sempre após uma crise de choro ou birra, mostre o pote à criança. O efeito hipnótico do glitter na água pode ajudar os pequenos a aliviarem a tensão provocada por uma situação estressante.
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