Posted on dezembro 16, 2019
by Ciranda
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O protagonismo do aluno se fortalece como uma necessidade e não mais um diferencial de aprendizagem. Mas como promover esse protagonismo de maneira fluida? Quais as exigências dessa nova maneira de enxergar o aluno em sala de aula? E como ferramentas, como a própria Ciranda de Livro, podem ajudar?
Atualmente, o protagonismo do aluno é um dos temas centrais da agenda da educação. Propõe o engajamento do estudante no seu próprio desenvolvimento, desde a escolha do currículo, das formas de aprendizagem, das situações que vão ser estudadas, do uso dos espaços, enfim, de todas as decisões que o afetam.
O protagonismo não é uma atitude solitária, não é cada um fazer o que quiser na hora que quiser. Está relacionado a questões concretas da vida.
“É um projeto construído coletivamente, a partir da potencialidade de agir sobre desafios, problemas e situações que demandam transformações”, explica Raquel Franzim, assessora pedagógica em programas que buscam a vivência plena da infância.
Ela cita como exemplo uma escola na Ilha de Margarita, no Caribe Venezuelano, onde não chegava papel higiênico para nenhuma família por conta do embargo econômico. Com base na articulação de conteúdos educativos, criaram um grupo para fabricar os próprios papéis higiênicos. Agora, eles vendemo produto para a comunidade e recebem uma porcentagem.
“Isso é transformação social por meio da educação. O que eu aprendo me vincula à realidade e me faz pensar”, avalia Raquel.
Quanto mais se entende o assunto, mais se vê que o protagonismo do aluno tem tudo a ver com coletividade. Ao debater e tomar decisões em grupo, ele aprende a considerar as opiniões dos outros com o mesmo respeito que tem pela sua, além de conseguir aceitar positivamente quando a sua própria ideia não é escolhida pelos demais.
O protagonismo do aluno não é fácil de ser implementado, pois exige uma mudança drástica de paradigma para as escolas, os educadores, os alunos e até mesmo para os pais. Mas, considerando seus benefícios, é um esforço que vale a pena.
Na sala de aula, um dos grandes desafios é estabelecer uma parceria entre o aluno e o professor, uma relação de troca, em que ambos se desenvolvem, pois buscam os mesmos objetivos: melhor qualidade na aprendizagem, autonomia, prática reflexiva e construção de conhecimentos significativos.
Quando o professor trabalha na linha da coparticipação, fazendo o papel de mediação, o aluno passivo, que apenas ouve, repete e decora, dá lugar para um sujeito ativo. Começa aí a construção de uma via de mão dupla que marcará para sempre a história da pedagogia.
São inúmeros os processos pedagógicos possíveis de serem desencadeados e que estão baseados na interação entre o professor e os alunos. Escrever um livro pode despertar neles o estímulo para perceber a realidade sob diferentes pontos de vista. Cuidar de uma horta, pode levá-los a ter uma alimentação mais saudável. Organizar as carteiras em círculos, sentar no chão ou no gramado são iniciativas que podem inspirar o ensino de português ou matemática.
Deixar de lado os cartazes e apresentar um trabalho em forma de jornal, teatro ou comerciais; ou, ainda, não ter sinais que avisam o término das aulas, mas organizar os horários em torno dos projetos construídos, também são situações que servem de exemplo de como o aluno pode exercer suas capacidades protagonistas.
Muitas vezes, estudantes e familiares resistem a essa inversão de lógica do ensino e consideram que o bom professor é aquele que dá uma aula expositiva com lição de casa, ou que a escola deve continuar ensinando conteúdos específicos de determinadas áreas do conhecimento para toda a classe, embora apenas alguns alunos vão utilizá-los quando decidirem a profissão a seguir.
Para a doutora em sociologia pela Universidade Estadual de São Paulo (USP), Helena Singer, conectar conteúdos pré-determinados pelos órgãos reguladores com os interesses dos alunos em definir o que e como eles vão estudar exige confiança das partes e transparência de informações.
O aluno precisa saber o que ele deve aprender até o final do ciclo em que se encontra e se organizar em torno dessa orientação. Trata-se de um projeto que não é feito a portas fechadas, mas compartilhado com a sociedade.E cada escola vai trilhar o seu caminho, considerando a sua realidade.
Ao analisar o impacto dessa mudança, a socióloga define qual deveria ser a visão do aluno sobre o protagonismo.
“Nós gostamos de determinados assuntos e na busca de realizar projetos que vão nos tornar ainda melhores naquilo que nós gostamos, desenvolvemos conhecimentos que ficarão incorporados em nós, que não vamos esquecer depois”, afirma Raquel.
Seja promovendo uma transformação progressiva ou mais profunda, a verdade é que, sem inovação da metodologia de ensino e uso da criatividade é impossível enxergar o aluno como protagonista do seu processo de aprendizagem. Somente abrindo espaço para ações decididas em conjunto é que o ambiente se torna mais atrativo, o conteúdo mais prazeroso e a educação mais capaz de formar cidadãos críticos.
E nada mais necessário para uma sociedade do que as pessoas saberem o porquê de estarem fazendo algo. Nessa perspectiva, o protagonismo deixa de ser um diferencial de algumas escolas para ser uma necessidade do mundo contemporâneo.
Estar atenta a tudo o que está ao redor e estimulara participação de pais, filhos e educadores são posturas essenciais da escola. Há muitos saberes que os adultos guardam e que são necessários à construção coletiva. E trabalhar a relação entre eles e os estudantes é muito positivo.
A plataforma pedagógica digital Ciranda de Livro, desenvolvida pela School Picture,caminha nessa mesma direção. Oferece às as escolas um conteúdo desenvolvido por especialistas para que os alunos criem seus próprios livros e se transformem em autores. A iniciativa inclui planos literários que servem de apoio pedagógico para que o professor possa conduzir o processo de forma lúdica, envolvente e simplificada, totalmente alinhada com as competências apresentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A BNCC determina as principais habilidades sócio emocionais a serem desenvolvidas pelos alunos durante a Educação Básica e elas estão intimamente ligadas com o protagonismo. Isso equivale a dizer que a Ciranda de Livro é uma excelente estratégia para ser aplicada pelas escolas que querem inovar suas práticas de ensino.
Na Ciranda de Livro, as lições de vida tornam-se o principal aprendizado. E como todos nós temos algo a aprender e a ensinar, a ferramenta envolve a participação ativa dos adultos – pais e educadores – e dos alunos, desde o planejamento e pesquisa da história a ser contada, a escolha das situações e linguagens, até a apreciação dos resultados. Depois de prontas, as edições podem ser encadernadas e lançadas em sessão de autógrafos, unindo a comunidade escolar em torno da iniciativa.
É uma nova concepção educacional, em que a participação coletiva estimula no estudante a curiosidade pelo mundo e as pessoas à sua volta. Ele acaba revelando o potencial em aprender por meio de interações, brincadeiras, exploração, criando hipóteses, estabelecendo conexões, desenvolvendo contextos de aprendizagens a partir das experiências que vivencia.Tudo isso leva o aluno a se decidir e se posicionar, condições básicas para o protagonismo.
Por maiores que sejam os desafios na busca de uma educação transformadora, a Ciranda de Livro veio para descomplicar grande parte das necessidades envolvidas nesse processo. É um recurso acessível, que reforça o papel da escola na nobre tarefa de socializar as novas gerações e a produzir conhecimento.