O uso da neurociência na alfabetização

As contribuições da ciência para o desenvolvimento da leitura e da escrita em sala de aula

Como funciona o cérebro? Esta é uma dúvida de muitas pessoas, inclusive no meio científico. É por isso que a neurociência tem ganhado tanta força e popularidade nos dias de hoje.

Os estudos e experimentações sobre as capacidades humanas relacionadas a esta parte do organismo estão beneficiando avanços em diversas áreas, inclusive na educação.

Quando falamos do uso da neurociência na alfabetização, por exemplo, já temos diversas informações e resultados que impactam diretamente a qualidade do ensino.

E é sobre isso que vamos falar aqui no blog hoje! Trouxemos dados sobre a aplicação deste conceito na prática durante o aprendizado da primeira infância, para contribuir com os avanços das atividades em sala de aula.

Vamos juntos desvendar os mistérios do cérebro e elevar a consciência a respeito das práticas que contribuem com o aprendizado da leitura e escrita.

Tudo o que você precisa saber sobre neurociência e educação

Para começar, precisamos compreender melhor o que é e como funciona a neurociência. De acordo com informações compartilhadas pela Escola de Educação Permanente (EEP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), a neurociência divide-se entre os seguintes campos:

  • Neuropsicologia: estuda como o cérebro influencia no comportamento e funções cognitivas.
  • Neurociência cognitiva: aborda o pensamento, aprendizado e memória.
  • Neurociência comportamental: relacionada à psicologia comportamental, analisa a correlação entre pensamento e emoções com ações perceptivas.
  • Neuroanatomia: estuda a estrutura anatômica do sistema nervoso e suas funções.
  • Neurofisiologia: realiza pesquisas sobre as funções do sistema nervoso.

Sendo assim, é possível entender que a neurociência é um campo de estudo muito vasto. Esta área abrange desde avaliações sobre comportamentos à reabilitação motora e a cognição avançada.

Hoje, especialistas já conseguem aplicar diversos resultados obtidos a partir do estudo da neurociência na educação. Desta forma, a área tem contribuído com avanços no ensino da leitura e da escrita, principalmente durante a alfabetização.

Em entrevista ao portal Tribuna do Norte, a pesquisadora e professora da UFRN Angela Chuvas Naschold, compartilhou alguns insights obtidos em seus dez anos de estudo sobre a relação entre alfabetização e neurociência.

Segundo ela, a união destes elementos proporciona um aprendizado mais eficiente, bem como mais construtivo e acessível. Isso porque o ato de alfabetização envolve amplos conhecimentos: são aspectos fônicos, gráficos, mórficos, semânticos, sintáticos, pragmáticos e textuais, conforme explica a especialista.

Neste sentido, a neurociência orienta que os conhecimentos linguísticos estão relacionados às práticas físicas, como também com outros fatores, desde a alimentação até manutenção do sono, que, por sua vez, influenciam na memorização, atenção e engajamento dos estudantes nos processos de aprendizagem.

Saiba mais sobre operações cognitivas na alfabetização

Os conhecimentos obtidos com estudos da neurociência podem contribuir e muito com o processo de ensino da leitura e da escrita, como defende o estudo “Neurociência e a Aprendizagem da Leitura e da Escrita”.

Logo, educadores que conhecem mais sobre o funcionamento do cérebro nesta etapa de aprendizagem podem aplicar estas informações no desenvolvimento do potencial cognitivo dos estudantes.

Sobre a leitura, por exemplo, são realizadas oito operações cognitivas:

  • Identificação do suporte e o tipo de escrita;
  • Questionamento do conteúdo do texto;
  • Aprofundamento sobre a quantidade de escrita portadora de sentido;
  • Identificação de formas gráficas;
  • Reconhecimento das palavras;
  • Antecipação de elementos sintácticos e semânticos;
  • Organização lógica dos elementos identificados e reconstrução do enunciado;
  • Memorização do conjunto de informações semânticas.

FONTE: Chauveau, Regovas – Chauveau & Martins (1997)

Portanto, vale a pena a reflexão sobre mudanças no ensino que considerem os aspectos cognitivos da aprendizagem de cada estudante, porque cada aluno possui características e históricos diferenciados, que influenciam em tempos e formas diferentes de obter o conhecimento.

O Instituto Ayrton Senna  observa que conhecer os processos cerebrais envolvidos na leitura contribuem com o desenvolvimento de métodos de ensino mais eficazes no processo de alfabetização.

Você sabia, por exemplo, que nossos olhos percorrem o espaço onde se encontra a escrita com movimentos rápidos, de 4 a 5 vezes por segundo?

Ou seja, conseguimos identificar 10 a 12 letras neste período. E, em seguida, fixamos o olhar para efetivar a leitura, desmembrando a informação visual em milhares de fragmentos nos neurônios da retina. Estas informações são reconstituídas pelo cérebro em formato sonoro e lexical, criando a “imagem acústica”.

Qual a idade certa para o cérebro aprender a ler e escrever?

De acordo com informações compartilhadas no vídeo “Existe idade certa para alfabetizar”, do Educação em Evidência, as crianças começam a pensar sobre as palavras a partir dos quatro anos de idade.

Por isso, é importante que o hábito da leitura esteja presente desde cedo na rotina dos pequenos. Porque esta prática pode estimular conexões neurais, como também a atenção recíproca e a experiência tátil das crianças com os livros, conforme também explica o Instituto Ayrton Senna.

Para completar, no vídeo ainda é explicado que ler e escrever é um aprendizado formal, então, depende de uma base, desde familiar até às salas de aula.

Não podemos desconsiderar a relação entre a fala e escrita. A fala é algo natural do ser humano e começa a se desenvolver no cérebro a partir do segundo mês de nascimento. Entretanto, a preparação para a leitura precisa ser estimulada, ou o indivíduo não conseguirá aprender a ler e escrever sem instrução formal.

Concluindo, hoje, mais que nunca, educadores e responsáveis precisam manter um olhar individualizado acerca do aprendizado da leitura e escrita, considerando as dificuldades e habilidades cerebrais de cada estudante.

Neste período desafiador que vivemos na educação, devido às consequências da pandemia, é importante considerar no processo de reintegração e volta às aulas presenciais que os alunos entre 4 e 6 anos desenvolveram-se de maneiras diferentes durante o aprendizado no ensino híbrido.

Então, vale a pena aplicar os conhecimentos da neurociência junto às atividades que busquem resgatar a motivação para o aprendizado.

E você, como tem estimulado e motivado o cérebro de seus alunos?

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