EDUCAÇÃO 5.0: aprendizagens personalizadas e as novas competências para professores

Profissionais da educação terão pela frente os desafios do ensino híbrido e sobretudo da transformação do conhecimento

Desde a Primeira Revolução Industrial, a educação tem sido forte aliada na preparação de estudantes para novas tecnologias e, consequentemente, para o mercado de trabalho. Não é à toa que a denominação de Educação 5.0 está relacionada com a sociedade 5.0, também chamada de Super Smart Society ou Sociedade Criativa, a qual substituirá a Sociedade 4,0 ou Sociedade da Informação.

Segundo o professor e pesquisador, José Motta Filho, a Sociedade 5.0 propõe um sistema socioeconômico sustentável e altamente inclusivo, movido por tecnologias digitais disruptivas, tais como: Inteligência Artificial, Big Data Analytics, IoT (Internet das Coisas) e Robótica Aplicada. “Essa ‘nova sociedade’, defendida como já existente desde 2010 por especialistas do Tokyo University Lab, procura integrar o melhor de dois mundos: o humano e o digital”.

Assim, podemos definir que a Educação 5.0 é uma nova proposta educacional que tem como principal objetivo, unir, não somente a aplicabilidade das tecnologias na sala de aula como preparação para o mercado de trabalho, mas também valorizar o bem-estar do indivíduo, ressaltando suas habilidades cognitivas e contribuindo para sua consciência socioambiental.

Mas, e o papel dos professores nesse novo ensino? É o que vamos ver a seguir.

Educação 4.0 x Educação 5.0

É unânime dizer que foi-se o tempo em que bastava o professor e uma lousa para ensinar o aluno. Com a chegada da pandemia do Covid-19, isso tornou-se ainda mais evidente e tudo indica que o ensino híbrido veio mesmo para ficar.

Mas, antes de falar da Educação 5.0, precisamos voltar à Educação 4.0 para entender o seu aspecto evolutivo. A Educação 4.0 foi gestada na quarta revolução industrial, na qual a relação do aprendiz com a tecnologia tem grande importância.

A principal diferença entre os dois movimentos de ensino, é que na Educação 5.0, os conhecimentos digitais são importantes, mas eles devem ir além. Esse é o fator-chave para os benefícios trazidos nesta evolução da Educação 4.0.

Baseada em soft skills, ou seja, conjunto de habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano, essa nova educação deve capacitar o indivíduo não somente para utilizar a tecnologia, mas também de forma saudável e produtiva.

Na Educação 5.0, as escolas deverão ser inseridas em um contexto colaborativo e do processo de aprendizagem com foco na resolução de problemas, acima do simples domínio da tecnologia.

O papel dos professores

Em seu artigo “(Re) aprender a docência no contexto da educação digital”, publicado no final de 2018 pela Revista Educação, da Anec, a Ph.D em educação, Regina Candida Führ, fala que já na Educação 4.0, “o educador passa a ser o mediador na construção do conhecimento e possibilita aos educandos o trabalho com sistemas compartilhados e automatizados”.

Segundo a pesquisadora, com o surgimento em grande escala da educação a distância ou do ensino híbrido, os educadores precisam estar capacitados para fazer a interação entre informação e transformação do conhecimento. “São novos e complexos desafios para os profissionais da educação diante da inovação tecnológica na construção do conhecimento, o que requer o domínio das metodologias ativas”.

Metodologias ativas

O método ativo baseia-se em uma concepção educativa que estimula processos de ensino e aprendizagem em uma perspectiva crítica e reflexiva, na qual o aluno possui papel ativo e é corresponsável pelo seu próprio aprendizado. “Nesse sentido, à medida que são oportunizadas situações de aprendizagem envolvendo a problematização da realidade, o estudante assume o papel ativo como protagonista do seu processo de aprendizagem, interagindo com o conteúdo, ouvindo, falando, perguntando e discutindo”.

Para Regina, a melhoria na qualidade de ensino e na formação docente será obtida mediante o uso da pesquisa como atitude cotidiana na sala de aula, “transformando os alunos em autores de sua formação, por intermédio do exercício da aprendizagem autônoma em ambientes colaborativos onde a inteligência coletiva encontra ressonância”.

“Portanto, é de suma importância a utilização das novas tecnologias digitais na organização do trabalho pedagógico, propondo aos docentes novas competências, habilidades e domínio das novas linguagens derivadas dos recursos tecnológicos”, conclui.

Entre os exemplos de metodologias ativas, podemos citar: sala de aula invertida, gamificação, realidade virtual, aprendizagem baseada em projetos, entre outras. De acordo com o psiquiatra americano William Glasser, as pessoas geralmente aprendem mais com metodologias ativas. Segundo ele, aprendemos 70% quando discutimos com os outros, 80% quando fazemos e 90% quando ensinamos. Ou seja, definitivamente não é o método convencional de aprendizado que proporciona melhores resultados.

Como devem ser as atividades didáticas na Educação 5.0?

O objetivo da Educação 5.0 é criar soluções relevantes para a comunidade e transformar realidades. Ela também busca entender o impacto da tecnologia no cérebro humano e como aprendemos nos dias de hoje.

Mas, para Regina, não se trata de usar as tecnologias a qualquer custo, “mas sim de acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização que questiona profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais tradicionais e, sobretudo, a função do educador e do estudante”.

De acordo com ela, desde a Educação 4.0, é preciso acesso e competência para organizar e gerenciar as atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços:

  1. Uma sala de aula conectada em tempo real com os recursos tecnológicos disponíveis;
  2. Espaço de laboratório conectado;
  3. Utilização de ambientes virtuais de aprendizagem para desenvolver a inteligência coletiva;
  4. Inserção em ambientes experimentais e profissionais (cultura maker).

No caso da Educação 5.0, existem alguns pontos essenciais para a sua funcionalidade de acordo com o executivo de relações governamentais da IBM América Latina, Fábio Rua,  Aqui, vamos dividir em pilares, tais como:

  • Metodologias ativas;
  • Ensino híbrido;
  • Educação individualizada;
  • Intercâmbio educacional.

“A gente não pode deixar de incentivar o intercâmbio de professores e alunos do mundo todo. A multiculturalidade é a melhor maneira de formar cidadãos abertos, tolerantes, criativos, bem resolvidos e sim, geniais, extremamente inteligentes e prontos para competir nesse mundo desigual e injusto que a gente vive hoje”, diz ele em seu canal no Youtube.

Ainda podemos acrescentar a esses pilares, as competências socioemocionais, ou soft skills, que falamos anteriormente e que são necessárias para ser relevante no século 21. Entre essas competências, podemos citar: empatia, consciência cultural, perseverança, trabalho em equipe, liderança, entre outros. De acordo com o professor José Motta, sabe-se que essas competências não são novidades.

“Elas fazem parte de características já valorizadas em muitas décadas anteriores ao terceiro milênio. A grande questão reside no fato de que, atualmente, a habilidade de se pensar antes de agir, de considerar diversas perspectivas ao analisar novos problemas, e até de relacionar-se de maneira adequada e eficaz com os outros, são bem mais que especificidades de pessoas acima da média, são competências e atitudes necessárias para todos os seres humanos. Disso depende o nosso sucesso, a nossa felicidade e futuro da nossa sociedade”.

E no futuro? Como será?

Durante a próxima década, avanços exponenciais em tecnologias digitais exigirão que redefinamos nossos relacionamentos uns com os outros, com nossas instituições e até com nós mesmos. Cada faceta de nossas vidas, incluindo como ensinamos e aprendemos, será tocada por esta nova era.

Nunca podemos saber como o futuro se desenvolverá, mas podemos expandir nossas ideias sobre o que pode ser possível e necessário para o aprendizado. Também podemos identificar onde podemos querer intervir, aproveitar ou nos adaptar para moldar um futuro de aprendizagem no qual todos os alunos possam prosperar.

As transformações que estão ocorrendo na educação e as que provavelmente virão a ocorrer requerem um professor qualificado, não só com o domínio das tecnologias da informação, mas também com habilidadesde comunicação.

Dessa forma, o docente poderá interagir na plataforma de aprendizagem com seus estudantes, propondo atividades que desenvolvam o senso crítico, a criatividade, a autonomia, a capacidade de resolução de problemas por meio de projetos interdisciplinares e transdisciplinares.

Sabemos que não é tarefa fácil e existem desafios a serem superados, tais como: professores com pouco tempo para planejar uma aula com metodologia ativa, cronograma escolar apertado para aplicar novas práticas de ensino e até mesmo pais, professores e diretores escolares que podem se mostrar um pouco resistentes às novas formas de ensino-aprendizado.

Para Motta, as instituições de ensino deverão preparar os seus professores e alunos para esse mundo incrivelmente diferente. “Isso só será possível quando a educação “virar a chave” a fim de atender às demandas do século 21 e, então, aproveitar o melhor dos dois mundos para uma educação de vanguarda: seres humanos ativos e inspiradores e tecnologias educacionais emergentes”.

A sociedade 5.0 é uma sociedade superinteligente, onde tecnologias como big data, Internet das Coisas, inteligência artificial e robôs se fundem em todas as indústrias e em todos os segmentos sociais. A esperança é que essa revolução da informação seja capaz de resolver problemas atualmente impossíveis, tornando a vida cotidiana mais confortável e sustentável.

Sua escola já está preparada para o futuro? Seus professores estão abertos às transformações? Conte-nos sobre como está sendo feita a educação dos seus alunos nos comentários! Teremos imenso prazer em saber!

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